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O argumento que geralmente os neopentecostais utilizam para estear a prática dos atos proféticos na igreja, é que o Senhor, no Antigo Testamento, ordenou aos profetas que transmitissem suas mensagens ao povo através de objetos ou encenações enternecedoras.

Deus, por exemplo, ordenou ao profeta Isaías que andasse desnudo e descalço por três anos, simbolizando a punição divina sobre o Egito e a Etiópia (Isaías 20:3-4). O Senhor também determinou que Jeremias prendesse uma canga de boi sobre o pescoço com cordas de couro, símbolo do cativeiro de Israel (Jeremias 22:2…). E também solicitou ao profeta que comprasse um cinto de linho e o escondesse às margens do rio Eufrates, até que apodrecesse, simbolizando a deportação futura dos judeus para a Babilônia. Deus ordenou, ainda, que Jeremias comprasse uma botija de barro e quebrasse diante do povo, como símbolo do juízo de Deus sobre o mesmo, através do cativeiro babilônico (19:1-11). Há outros exemplos de atos proféticos no Antigo Testamento que poderiam ser mencionados, como no ministério de Elias e Eliseu; mas acredito que estes três são o bastante.

No Novo Testamento, contudo, existe apenas um exemplo de alguém comunicando a mensagem de Deus por meio de um ato profético – Ágabo. Ele pegou o cinto de Paulo e o amarrou em seus próprios pés e mãos, como símbolo da prisão do apóstolo, que aconteceria algum tempo depois (Atos 21:10-11).

Entretanto, os neopentecostais, obstinadamente, na tentativa de encontrar uma prova que aquiesça o costume dos atos proféticos na igreja, também recorrem à estadia de Paulo em Éfeso, onde empreendeu sua terceira viagem missionária (Atos 19), quando Deus, pelas mãos do apóstolo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam (vs. 11-12).

Ora, as roupas de Paulo, bem como outros objetos miraculosos, como o cajado de Moisés (Êxodo 8:5, 16) e o manto de Elias (2 Reis 2:8, 14), eram “ramificações” do poder divino que manifestava-se através de suas vidas, e serviam como evidências de que não eram falsos profetas e que suas mensagens dimanavam do Senhor.

Augustus Nicodemus completa:

O propósito das narrativas acerca do poder que havia neles [nos objetos descritos acima] foi mostrar o extraordinário poder de Deus na vida dos seus possuidores, comprovando que a sua mensagem vinha realmente da parte de Deus. O ponto é que esse poder era tão grande que até as coisas com as quais Moisés e Elias tinham contato diário se tornavam canais através dos quais ele era transmitido. 

No entanto, devemos entender qual o objetivo dessas narrativas. Em todas elas, o conceito é o mesmo: Jesus e os apóstolos eram tão cheios do poder de Deus que as coisas com as quais tinham contato íntimo se tornavam como que em extensões deles, para curar e abençoar as pessoas. O objetivo é idêntico: enfatizar a enormidade do poder de Deus na vida deles e, assim, atestar que a mensagem pregada por eles, bem como pelos profetas do Antigo Testamento, vinha de Deus. A prova eram os poderes miraculosos tão extraordinários que até mesmo vestes, bordões, ossos, saliva, sombra e lenços desses homens transmitiam o poder curador de Deus que neles havia. É dessa maneira que devemos entender o relato de Atos 19 sobre o poder curador dos lenços e aventais de Paulo.1

Justo González expande:

A referência aos lenços e aventais de Paulo forneceram uma oportunidade para que alguns supostos evangelistas fizessem dinheiro com a venda deles e de outros itens que tinha abençoado. Contudo, observe que aqui, o texto não sugere que Paulo distribuiu ou proclamou o poder de seus lenços e aventais, mas, antes, que as pessoas os pegavam sem o conhecimento do apóstolo. Não é, como alguns declaram hoje, que Paulo abençoou lenços para que pudessem ser realizados milagres por intermédio destes.2

John Stott aconselha:

A atitude mais sábia perante os milagres dos lenços não é a dos céticos, que os declaram espúrios; nem a dos imitadores, que tentam copiá-los, como aqueles evangelistas que oferecem aos doentes lenços abençoados por eles, mas sim, a dos estudiosos da Bíblia, que lembram que Paulo via seus milagres como credenciais apostólicas, e que Jesus mesmo foi condescendente com a fé tímida da mulher, curando-a quando ela tocou a orla de sua roupa.3 

Todavia, nos cultos neopentecostais, os objetos que são empregados no ato profético geralmente são ungidos e abençoados pelos pastores, transmitindo falsamente a ideia de terem adquirido poderes “mágicos” pela oração, ou de apenas serem um esteio para a fé. Em nenhum dos casos mencionados na Escritura, os objetos utilizados nos atos proféticos foram cerimonialmente consagrados. Portanto, não há na Bíblia a unção de objetos com o propósito de ser empregados na realização de prodígios, para atrair a benção de Deus, ou para expelir demônios e curar doenças.

Não obstante, para entendermos definitiva e corretamente a teologia imbuída nos atos proféticos – vistos mais no Antigo do que no Novo Testamento – é necessário elencarmos 4 observações muito importantes em suas ocorrências.

1) Foram ordenados por Deus a Isaías, Jeremias, Elias e Eliseu, por exemplo, os quais foram encarregados de profetizar contra os pecados do povo, instando-os ao arrependimento, sobre o futuro de Israel e a vinda de Cristo.


2) Estavam ligados à história da redenção; eram registros dos modos de Deus agir na trajetória do seu povo.



3) Eram ilustrações das revelações de Deus aos profetas para o povo. No caso de Ágabo, no Novo Testamento, seu ato profético tratava-se de uma revelação futura sobre a prisão de Paulo, um evento determinado por Deus para o apóstolo escrever a maior parte do Novo Testamento.




Com efeito, a mensagem de todos os atos proféticos, anunciados no passado, se cumpriu literalmente, como enunciaram os servos de Deus.





4) Só aconteciam quando Deus se revelava diretamente (ou verbalmente, através de visões e sonhos) ao profeta e ordenava-o a difundir sua mensagem por meio destas ilustrações. Uma vez que não há mais profetas (como os do Antigo e Novo Testamento) e apóstolos, que eram instrumentos destas revelações infalíveis, também não temos mais os atos proféticos que acompanhavam eventualmente estes modos de Deus se comunicar.




Em Hebreus 1:1-3, percebemos que aquelas formas dramáticas de revelação que Deus utilizava para falar ao seu povo não são mais necessárias, porque agora, nestes últimos dias, o Senhor falou através de Cristo, o redentor, a última e a suprema revelação de Deus.



Isto posto, existem apenas dois atos proféticos que o Senhor Jesus determinou no Novo Testamento que são invariáveis: o batismo com água e a ceia, onde os crentes comem o pão, símbolo do corpo de Jesus, e bebem o vinho, símbolo do sangue de Cristo, a fim de rememorarem a salvação e suas implicações.



Afinal, estes dois atos proféticos retratam nossa união com Cristo. Qualquer iteração de atos proféticos relatados no Antigo Testamento, a fim de comunicar a Palavra de Deus, ou supostas novas revelações, não são ordenados por Jesus nem pelos apóstolos, no Novo Testamento. Por outro lado, fomos incumbidos de pregar o Evangelho com fidelidade e discipular (Mateus 28:19-20; 2 Timóteo 4:2). Destarte, reassumir este modo anacrônico de transmissão da mensagem do Senhor é um retrocesso na fé e um ato de desobediência à Escritura. Os pastores que renitentemente ensinam e induzem à pratica do ato profético incidem em pecado. “Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que creem e são salvos” (Hebreus 10:39).




NOTAS: 


Augustus Nicodemus Lopes, O que você precisa saber sobre Batalha Espiritual, pág 148-149. 


Justo González, Atos, pág 265. 


John Stott, A Mensagem de Atos, pág 344. 



Autor: Leonardo Dâmaso



O pastor Paulo Junior alertou os cristãos sobre a volta de Jesus. Em uma ministração ele salientou que a volta de Jesus não será marcada por um grande avivamento, como muitos imaginam, mas com a apostasia.


“O amor de muitos esfriará. Sabe o que é isso? A volta de Jesus será precedida de avivamento? A amor se esfriaria. ‘A volta de Jesus não acontecerá antes que venha a apostasia’. O que é apostasia? É o desvio da Verdade, é abandono. Então no Brasil não tem apostasia porque tem igreja em tudo que a esquina”, instigou.


Ele explica: “O fato de ter igreja em tudo que é esquina é o cumprimento cabal desta palavra. Apostasia não é desvio, não é sair da igreja e ficar no mundo. Apostasia é ‘e tendo comichão no ouvido não suportarão ouvir a sã doutrina, mas amontoarão para si doutores, pastores, apóstolos de igrejas conforme as suas concupiscências”, colocou.


“Quando você liga a TV e vê um camarada daquele, um bruxo daquele, com a igreja lotada fazendo bruxaria... Apostasia. Apostasia não é virar ateu, apostasia não é sair da igreja, apostasia é adorar outro Deus, é deixar Jeová para adorar mammon, baal”, salientou.


Outros sinais


“Dados para hoje. Dos 162 países estudados pelo Instituto Economic and Peace, apenas 11 não estão envolvidos em algum tipo de guerra. Palavra do Senhor! Jesus está voltando!”, alertou.


“Haverá fome. Jesus disse que o cenário social será marcado com fome. A Organização das Nações Unidas declarou que 870 milhões de pessoas passam fome no mundo. Quase um bilhão de pessoas, um sétimo do mundo passa fome hoje em pleno século XXI, com toda a tecnologia”, ressaltou.


“Lucas diz que a volta de Jesus será marcada com pestes, que é uma tradução para a palavra epidemia. Nós temos dois flagelos, o câncer e a Aids, que matou mais gente que a Segunda Guerra Mundial inteira”, disse.


“Mas surgiram novas epidemias, a gripe suína, gripe aviária, ebola, zika vírus. A volta de Jesus será marcada por epidemias de doenças geneticamente produzidas, incontroláveis. Elas viriam e afetariam a população mundial e deixariam esse mundo de pernas pro ar”, explicou.






O Apóstolo Paulo confessa que “orou três vezes ao Senhor” para que o livrasse de um espinho na carne. Mas o Senhor, em vez de atendê-lo, respondeu: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Reconhecendo a vontade soberana de Deus, Paulo se conforma e continua com seu espinho. E declara: “Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas”, pelo que “sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Co 12.7-10). A orientação para esses casos, em alguns púlpitos, é a seguinte: “Exija de Deus seus direitos”. Sofredores como o Apóstolo, o servo Jó e muitos outros desconheciam esse caminho “legal” para exigir direitos assegurados.


Com relação à substituição do “pedir” pelo “exigir”, como querem alguns, vejam o seguinte. Pedir, do grego aiteõ, sugere a atitude de um suplicante que se encontra em posição inferior àquele a quem pede. É esse o verbo usado em João 14.13 – “E tudo quanto pedirdes em meu nome…” – e 14.14 – “Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei”. “Pedir”, do grego erõtaõ, indica com mais freqüência que o suplicante está em pé de igualdade ou familiaridade com a pessoa a quem ele pede, como, por exemplo, um rei fazendo pedido a outro rei. “Sob este aspecto, é significativo destacar que o Senhor Jesus NUNCA usou o verbo aiteõ na questão de fazer um pedido ao Pai”, por ter dignidade igual Àquele a quem pedia. (Jo 14.16; 17.9,15, 20 – Fonte: Dic. VINE).


Além disso, a doutrina da determinação fere a soberania de Deus. Deus é Senhor de todas as coisas. Nós estamos submissos à sua vontade e não ele à nossa. É muita pretensão determinar coisas como se Deus estivesse aos nossos préstimos. Isso é uma inversão de valores perniciosa e que tem conseguido inúmeros adeptos no meio evangélico brasileiro.


O apóstolo João, no verso 5.14, diz: “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve”. Aqui mais uma vez é usado o termo aiteo, assim como em João14.13, mostrando que em nenhum momento Jesus ou os apóstolos ensinaram a determinação.


Há muita gente confundindo alhos com bugalhos. O que vemos são pessoas declarando que não pedem nada a Deus, mas exigem seus direitos. De Gênesis a Apocalipse não há um único registro que aprove tal atitude.


Os que fazem parte desse grupo de “exigentes” são ensinados a não dizer “se o Senhor quiser”. Não reconhecem que Deus, em razão de sua absoluta e inquestionável vontade, poderá NEGAR o seu pedido. Confiam cegamente no ensino do outro evangelho. Essas ovelhas nanicas precisam ler a Bíblia.


Vejam:

Jesus, no Getsêmani: “Pai, SE QUERES, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42). Os exigentes dizem: “Todavia, seja como eu decreto e exijo, e não como tu queres”.

“Compadecer-me-ei de quem me compadecer e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece” (Rm 9.15,16).


Paulo escreveu: “Mas, em breve, irei ter convosco, SE O SENHOR QUISER, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a virtude” (1 Co 4.19). As ovelhas do outro evangelho diriam: “A minha viagem já está decretada. Exijo de Deus que se cumpra segundo a minha palavra’.


“Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: “SE O SENHOR QUISER, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas, agora, “vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna” (Tg 4.14-16). É muito atrevimento de um pobre e miserável pecador exigir alguma coisa do Senhor.


Autor: Pr. Airton Evangelista da Costa



A ideia de que existe uma classe de demônios devoradores que atacam as finanças daqueles são infiéis no dízimo teve sua origem nos ensinamentos do herético movimento de batalha espiritual. Um dos livros que divulgou a “teologia do devorador” no Brasil foi “Por trás das Bençãos e Maldições”, do bispo Robson Rodovalho, da “igreja” Sara a Nossa Terra.
Neste livro, Rodovalho traça um paralelo de uma “revelação” que teve de quatro tipos de gafanhotos, os quais representam quatro tipos de espíritos malignos que atacam as finanças daqueles que descerram uma lacuna na vida financeira. Em outras palavras, os devoradores se adentram na vida das pessoas que dão brecha pelo fato de não serem dizimistas.
Segundo os mestres da “teologia do devorador”, nem mesmo a oração tem poder para repreender os demônios que atacam as finanças; somente o dízimo pode evitar e neutralizar a ação deles contra os cristãos. Para atestar sua aplicação alegórica dos gafanhotos como demônios vorazes, Rodovalho escreve em seu livro o entendimento que teve dos gafanhotos em Joel. Vejamos, pois:
Joel 2.25-27 – Assim vos restituirei os anos consumidos pelo “gafanhoto” migrador, pelo assolador, pelo destruidor e pelo cortador, meu grande exército que enviei contra vós. Comereis à vontade e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que agiu em favor de vós de maneira maravilhosa; e o meu povo nunca será envergonhado. Vós sabereis que eu estou no meio de Israel e que eu sou o Senhor vosso Deus, e não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado. (Almeida Século 21)
Segundo Rodovalho, o Cortador era aquele que tinha o poder para cortar. Quando o brotinho nascesse, logo seria cortado. A pessoa começa a fazer um negócio, vem alguém e desmancha. Inicia-se uma empresa lucrativa, vem os prejuízos e tem que fechar. Começa a ter esperança no trabalho, logo vem um chefe que se indispõe e demite. É o espírito de gafanhoto cortador que está liberado contra a pessoa.
Migrador é um demônio que migra, muda, não fica em lugar fixo. Ele opera em um período, depois volta. Ele migra até de família em família, de região em região. Você já percebeu que de vez em quando começam os acidentes de carro? Sabe o que é isso? São os espíritos migradores. Fazem danos em uma casa, trazendo acidentes e perdas financeiras. Logo depois aquele espírito de tormenta vai perseguir outra família, outra casa.
Devorador tem o poder para cortar mais fundo que o migrador. Ele devora, come velozmente, arranca as cascas e o cerne das plantações, deixando apenas a raiz, às vezes deixa só o tronco morto ou semimorto. O devorador toca não apenas nos bens da pessoa, mas no casamento, nas emoções. Debilita a própria saúde, o próprio equilíbrio que aquela pessoa possuía.
Destruidor tem o poder para tirar a vida da planta. Ataca a raiz. As pessoas que se suicidam, muitas delas o receberam. Começa com a perda financeira. Vai envolvendo-se em negócios inescrupulosos, tormentos, até que perde tudo o que possui. O espírito do gafanhoto destruidor arrasa completamente os bens, a felicidade, a saúde e a própria vida da pessoa, matando-a.1
Na verdade, essa analogia entre os tipos de gafanhotos existentes com demônios não está baseada numa exegese correta do livro de Joel. Antes, é pomo da elucubração equivocada de alguém que é desonesto intelectualmente, inescrupuloso e, sobretudo, herético.
Além do texto de Joel, os propagadores da “teologia do devorador” também recorrem, como paralelo, ao famoso texto de Malaquias 3.10-12 para ratificarem a existência deles.
Malaquias 3.10-12 – Trazei todos os dízimos ao tesouro do templo, para que haja mantimento “na minha casa” [“no templo”, ênfase minha], e provai-me nisto, diz o Senhor dos exércitos, e vede se não vos abrirei as janelas do céu e não derramarei sobre vós tantas bênçãos, que não conseguireis guardá-las. Por vossa causa também repreenderei “a praga devoradora” [ou o devorador ARA], e ela [ou o devorador ARA] não destruirá os frutos da vossa terra, nem as vossas videiras no campo perderão o seu fruto, diz o Senhor dos exércitos. E todas as nações vos chamarão bem aventuradas; pois a vossa terra será aprazível, diz o Senhor dos exércitos. (Almeida Século 21)
Vamos entender o que ambos os textos corretamente demonstram.
O profeta Malaquias surgiu no cenário de Israel num tempo em que imperava a tepidez espiritual. Israel estava desmotivado e em profundo desânimo. E por quê? Acerca disso, Augustus Nicodemus Lopes escreve:
Fazia cerca de 100 anos que os judeus tinham regressado do cativeiro. Deus havia mandado o povo de Israel para o exílio, por volta de 600 ou 500 a.C, em razão reiterada idolatria e falta de arrependimento. (…) Parte do povo foi para o Egito, outra se dispersou e muitos outros morreram. Durante 70 anos, o povo permaneceu cativo na Babilônia.
Tempos depois Deus trouxe de volta [o povo] à terra prometida. Esse período está registrado nos livros de Esdras e Neemias, dois homens levantados por Deus para liderar o retorno da nação à terra prometida. Porém, nem todos regressaram; parte do povo ficou na Babilônia; outra permaneceu no Egito. Mas um grande contingente voltou para a terra de Israel…
Quando regressaram, os judeus pensavam ter chegado o tempo do cumprimento das grandes promessas que os profetas de Israel haviam feito. Isaías, Ezequiel e Jeremias profetizaram um tempo maravilhoso para o povo de Deus após a restauração, e o povo acreditava que aquele seria o tempo em que essas promessas se cumpririam.
Só que cem anos se passaram desde a volta do cativeiro, e as coisas não estavam acontecendo conforme a expectativa. Promessas tinham sido feitas, mas a realidade não estava de acordo com elas. (…) Por meio dos profetas o Senhor prometera uma grande restauração de seu povo na terra, mas somente parte dele retornou da Babilônia. Os profetas haviam mencionado um período de paz, mas eles ainda estavam cercados por inimigos.
Sendo assim, a dedicação e o amor para com Deus havia se esvaído do coração do povo (1.1-5). Os sacerdotes estavam corrompidos (1.6 – 2.9). O povo havia se casado com mulheres estrangeiras que cultuavam deuses pagãos (2.10-15; Ed 9 – 10; Ne 13.23-27). Estavam cometendo injustiças sociais (3.5; Ne 5.1-13). E, finalmente, vemos a infidelidade do povo para com Deus retendo os dízimos e as ofertas (3.6-12; Ne 13.10-14). 
Augustus Nicodemus Lopes ainda diz que os cultos a Deus viraram mero formalismo, rituais mecânicos e sem vida. O coração do povo não estava mais neles. Cada um dava prioridade a seus assuntos pessoais, em vez de se dedicar a terminar a reconstrução do templo e prestar culto a Deus.2
Joel, por sua vez, é um dos profetas mais antigos do Antigo Testamento. Ele aparece em meio a um período de seca prolongada em Judá, durante o reinado do rei Joás, por volta do ano 835-796 a.C,. Todavia, uma grande invasão de gafanhotos destruiu quase toda a plantação que havia na Terra Prometida, resultando numa grave crise econômica (1.7-20) que afetou o Reino do Sul, deixando-o muito enfraquecido financeiramente. Esse desastre natural enviado por Deus e que foi executado pelos gafanhotos serviu para Joel de ilustração para o cerne de sua mensagem: O castigo de Deus em virtude dos pecados dos sacerdotes e do povo (2.1-17).  Assim como o povo de Israel, na época de Malaquias, a causa do castigo de Deus ao povo de Judá também foi devido a tepidez espiritual. O profeta Joel convoca o povo que havia deixado de amar a Deus, acima de tudo, para um sincero arrependimento, descrito no capítulo 2.13.
devorador (ARA, ARC) ou a praga devoradora (Almeida Século 21), ou ainda as pragas (NVI), é simplesmente a descrição de um inseto chamado gafanhoto. Existem alguns tipos de gafanhotos nos quais o profeta Joel descreve que Rodovalho e os falsos mestres neopentecostais acreditam representar demônios. Vejamos:
Cortador (gazam) é um tipo de gafanhoto que se instala ou habita na plantação. Ele destrói uma parte dos frutos, apenas. Sendo assim, o agricultor, na época da colheita, sofre prejuízo financeiro, perdendo uma parte dela, a qual fica imprópria para o consumo alimentar.
Diferente do cortador, que habita nas plantações, o Migrador (arbeh) é um tipo de gafanhoto que voa em bando, por diferentes lugares, e que aparece repentinamente na plantação, destruindo mais a colheita, e aumentando ainda mais o prejuízo do agricultor.
Devorador ou Infestante (jelek), por sua vez, é o tipo mais devastador de gafanhoto. Assim como o migrador, voa também em bando, chegando a cobrir o céu, dando o aspecto de tempo fechado. Esta nuvem é composta de muitos gafanhotos que quando pousam sobre uma plantação, e a destrói quase que por completo, em cerca de uma hora, levando o agricultor a ter mais prejuízos com a colheita.
Finalmente, o Destruidor (chasel) é o tipo de gafanhoto mais poderoso para causar a destruição. Quando uma plantação sofre o ataque destes insetos, ela é completamente arruinada, levando o agricultor praticamente à falência.
Reiterando, o ataque de gafanhotos literais que Judá sofreu, na época do profeta Joel, foi castigo de Deus! Essa nação havia pecado gravemente contra o Senhor. O castigo que resultou numa assoladora crise econômica para toda a nação era o meio de Deus levar o povo ao arrependimento de seus pecados e se voltar para Ele. Isso também se aplica no caso de Malaquias, onde o povo de Israel, que sobrevivia da agricultura, também sofreu financeiramente com a praga de gafanhotos devoradores.
Com efeito, o medo, a culpa e a ganância são os pilares que sustentam a crença no devorador. Os pastores vigaristas da fé neopentecostal utilizam esses três argumentos para manipular as emoções dos incautos, para que forneçam a eles valores consideráveis em dinheiro para bancar suas vidas regaladas. Ora, o medo de não ser abençoado financeiramente, e de ser alvo do ataque maldito dos espíritos vorazes, leva crentes iludidos e gananciosos a serem mantenedores fiéis de igrejas lideradas por homens corruptos. Destarte, o sistema das famosas campanhas do neopentecostalismo, com pessoas tentando barganhar com Deus o milagre, a benção e a prosperidade mediante o dízimo e a oferta, é extensivamente utilizado para a exploração da fé e o sustento de um mercado religioso pragmático, sincrético e depravado.
Hernandes Dias Lopes, em seu comentário expositivo de Malaquias, entende que o devorador não é um espírito maligno, conforme alegam os pentecostais e neopentecostais, mas comete um erro de aplicação, salientando que o devorador pode ser tudo aquilo que subtrai os nossos bens, que conspira contra o nosso orçamento e que mina as nossas finanças.3
Não vemos nenhuma menção nos evangelhos e nas cartas do Novo Testamento de espíritos malignos que atacam as finanças. O devorador não é algo que prejudica as finanças de quem não dizima, como entende Hernandes Dias Lopes, nem um demônio, mas simplesmente um inseto [gafanhoto] que Deus utilizou para executar o seu juízo disciplinador sobre o seu povo que estava vivendo em pecado. Certamente, Deus utiliza meios para disciplinar o seu povo e levá-lo ao arrependimento, quando este não está vivendo da maneira requerida pelas Escrituras. O Senhor pode disciplinar através do desemprego, de uma doença, de uma crise financeira, da morte de um familiar e de várias outras formas. A disciplina manifesta o cuidado e o amor de Deus para com os seus filhos (veja Hb 12.4-14).
Portanto, a ideia de que existe um demônio que ataca as finanças chamado devorador é uma falácia criada no laboratório das heresias neopentecostais!
Mateus 7.15 – Cuidado com os falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em pele de ovelha, mas interiormente são lobos DEVORADORES! (Almeida Século 21)


NOTAS:
1.  Robson Rodovalho, Por trás das Bençãos e Maldições, pág 32-35.
2. Augustus Nicodemus Lopes, O Culto Espiritual, pág 11-14
3. Hernandes Dias Lopes, Malaquias, pág 103.


Autor: Leonardo Dâmaso




Pragmatismo é a noção de que o significado ou o valor é determinado pelas consequências práticas. É muito similar ao utilitarismo, a crença de que a utilidade estabelece o padrão para aquilo que é bom. Para um pragmatista/utilitarista, se uma determinada técnica ou um curso de ação resulta no efeito desejado, a utilização de tal recurso é válida. Se parece não produzir resultados, então não tem valor.

O pragmatismo tem suas raízes no darwinismo e no humanismo secular. É inerentemente relativista, rejeitando a noção dos absolutos – certo e errado, bem e mal, verdade e erro. Em última análise, o pragmatismo define a verdade como aquilo que é útil, significativo e benéfico. As ideias que não parecem úteis ou relevantes são rejeitadas como sendo falsas.

Quando o pragmatismo é utilizado para formularmos juízos acerca do certo e do errado ou quando se torna a filosofia norteadora da vida, da teologia e do ministério, acaba, inevitavelmente, colidindo com as Escrituras. A verdade espiritual e bíblica não é determinada baseando-se no que “funciona” ou no que não “funciona”. Sabemos por intermédio das próprias Escrituras, por exemplo, que o evangelho frequentemente não produz uma resposta positiva (I Co 1:22-23; 2:14). Por outro lado, as mentiras satânicas e o engano podem ser bastante eficazes (Mt 24:23-24; II Co 4:3-4). A reação da maioria não é um parâmetro seguro para determinar o que é válido (Mt 7:13-14), e a prosperidade não é uma medida para a veracidade (Jó 12:6). O pragmatismo como uma filosofia norteadora do ministério é inerentemente defeituoso e como uma prova para a veracidade é satânico.

Para muitos, a quantidade de pessoas nos cultos tornou-se o principal critério para se avaliar o sucesso de uma igreja, aquilo que mais atrai o público é aceito como “bom”, sem uma análise crítica. Isso é pragmatismo.

Pior ainda, a teologia concede à metodologia lugar de honra. Na igreja contemporânea, tudo parece estar na moda, exceto a pregação bíblica! Assim, o pragmatismo representa para a igreja de hoje exatamente a mesma ameaça sutil que o modernismo representou há quase um século. O modernismo começou como uma metodologia, mas logo se tornou uma teologia singular.

Ao menosprezar a importância da doutrina, o modernismo abriu a porta para o liberalismo teológico, o relativismo moral e a incredulidade aberta! Se existe algo que a história nos ensina é que os ataques mais devastadores desfechados contra a fé sempre começaram com erros sutis surgidos dentro da própria igreja.

Por viver em uma época tão instável, a igreja não pode se dar ao luxo de vacilar. Ministramos a pessoas que buscam desesperadamente respostas; por isso, não podemos amenizar a mensagem ou abrandar o evangelho. Se fizermos amizade com o mundo, nos tornaremos inimigos de Deus. Se nos dispusermos a crer em artifícios mundanos, estaremos automaticamente abrindo mão do poder do Espírito Santo.

A fraqueza da pregação em nossos dias não brota de lábios excêntricos e frenéticos que discursam sobre o inferno; resulta de homens que comprometem a mensagem e temem proclamar a Palavra de Deus com poder e convicção. A igreja certamente não manifesta uma superabundância de pregadores sinceros e objetivos; de fato, ela parece repleta de ministros que adulam os homens (Cf. Gl 1:10).

Sutilmente, em vez de uma vida transformada, é a aceitação por parte do mundo e a quantidade de pessoas presentes aos cultos o que vem se tornando o alvo maior da igreja contemporânea.

Contudo, devemos estar conscientes de que tamanho de igreja não é sinônimo da bênção de Deus; e a popularidade não é barômetro de sucesso. O verdadeiro sucesso não é prosperidade, poder, proeminência, popularidade ou qualquer outro conceito mundano de sucesso. Sucesso genuíno é fazer a vontade de Deus apesar das consequências!

Muitos cristãos professos aparentam se importar mais com a opinião do mundo do que com a de Deus. As igrejas manifestam tanta preocupação em agradar os não-crentes, que muitas esqueceram que seu primeiro propósito é agradar a Deus (II Co 5:9). A igreja se contextualizou a tal ponto, que se deixou corromper pelo mundo.

Nós, que amamos o Senhor e à sua igreja, não devemos ficar assentados enquanto a igreja ganha ímpeto em direção ao declínio que leva ao mundanismo e ao comprometimento do evangelho. Homens e mulheres pagaram com seu próprio sangue o preço de passarem a nós uma fé genuína. Agora é a nossa vez de preservarmos a verdade; e esta é uma tarefa que requer coragem, sem compromisso com o erro. Trata-se de uma responsabilidade que exige devoção inabalável a um propósito muito específico!


•John McArthur, Com Vergonha do Evangelho, (São José dos Campos, SP. Editora Fiel, 1997). Trechos selecionados dos três primeiros capítulos.






Muitas vezes andando na rua, vemos muitos carros de pessoas cristãs ou não, com dizeres supostamente Bíblicos, estampados em seus vidros ou lataria, evidenciando uma promessa ou uma vitória que tenha recebido. Não tenho nada contra quem coloca adesivos tipo "Deus é fiel", "propriedade do Senhor Jesus", "foi Deus que me deus", etc. Essa não é a questão aqui. A questão é que muitas dessas interpretações fogem do escopo de uma boa exegese Bíblica. Um versículo muito utilizado é Filipenses 4.13: "Posso todas as coisas naquele que me fortalece". Infelizmente, também é um dos versículos  mais mal compreendidos das Escrituras. Na realidade este texto é entendido exatamente o contrário do que pretendido pelo autor. A interpretação popular,  muitas vezes vinculada á uma Teologia Triunfalista, imagina que esse texto diz: "Eu posso alcançar tudo o que eu desejar" ou "vencerei todos os meus obstáculos", ou até "comigo ninguém pode", nada mais distante da realidade.

Todo estudante e leitor da Bíblia, tem uma obrigação de buscar o sentido correto do texto, ou seja, aquele pretendido por Deus, e transmitido pelo se interlocutor humano, pois as Palavras de Deus, descontextualizadas, se transformam nas palavras do Diabo (cf. Mt.4). A ideia que se pode descobrir algo "escondido","oculto" ou "especial" no texto é falsa e deve ser abandonada, pois reflete um pensamento do movimento gnóstico, considerado como herético pela Igreja desde longa data. Mas vamos ao texto. O que o Apóstolo Paulo tinha em mente quando escreveu essas Palavras para os irmãos Filipenses?

Primeiramente, quando queremos nos aprofundar no sentido verdadeiro de uma passagem, devemos recorrer ao texto grego (ou Hebraico) para entender o sentido original do texto. A palavra "fortalece" nesse contexto, segundo Strong 1412, vem de "dunamis" (cf. dinamite), que nos traz o sentido de poder, força, o que intensifica o fortalecimento dado por Cristo no versículo. Mas nesse caso e na maioria das vezes, o texto em português, expressa com suficiência o conteúdo do verso em grego, devido a boa qualidade das versões que temos na nossa língua. Então  teremos que recorrer a uma das regras básicas da exegese Bíblica: o contexto.

Filipenses é conhecida por ser uma das epístolas da prisão, juntamente com Efésios, Colossenses e Filemon. Os textos de 1.7,13,14 e 17 deixam muito claro que o Apóstolo Paulo estava encarcerado quando escreveu suas epístolas. Surpreendentemente Filipenses é uma das epístolas mais pacíficas do Novo Testamento, pois Paulo quase não apresenta censura á Igreja. Luiz Sayão Teólogo e Hebraísta nos traz uma interessante nota:

"(...) um dos temas de encorajamento que marca a epístola é "alegria". O verbo alegrar-se (chairo) aparece em 1.18,2.17,18,28,3.1,4.4 e 4.10; regozijar (synkairo) está em 2.17 e 18. O imperativo plural é contundente, aparecendo em 2.18 e 4.4, o famoso texto que diz: "Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!" É impressionante ver um preso exortando os demais á alegria".[1]
      
Apesar da alegria de Paulo e de sua motivação aos irmãos de Filipos, o local de onde a carta foi escrita foi de uma prisão fria, mal cheirosa e repugnante, (Roma talvez) demonstrando exatamente o sentido real que o autor quer transmitir, ou seja: posso estar preso, com frio, fome e  nudez. Posso estar enfermo ou com saúde, empregado ou desempregado, ter fartura ou estar em dificuldades, mas apesar de todas essas coisas e de enfrentar qualquer situação difícil o Senhor me fortalece e me dá forças suficientes para suportar as agruras do meu ministério. Não adianta recitar o versículo 4.13 e passar por cima do contexto dos versos 11 e 12:

"Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade." (NVI)
      
Agora sim, você pode soltar a máxima: "posso (ou suporto) todas as coisas Naquele que me fortalece", afinal o que Paulo "pode" aqui não significa "tenho capacidade para conseguir", muito menos quer dizer que "tenho direito a isso", mas ao contrário, "poder" aqui significa que a fartura também não permite que Paulo sirva menos á Deus. A essência e a máxima do texto seria, como diz Sayão: "aprendi o segredo de viver contente com toda e qualquer situação".


- Saulo Nogueira


[1] Sayão, Luiz A. Agora sim! Teologia na prática do começo ao fim, São Paulo: Hagnos, 2012.





O texto que contém essa questão é esse: “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor.” (1Co 11. 27). É um texto que apresenta uma advertência muito séria: Participar da ceia “indignamente” é se tornar culpado perante Deus de um grave pecado.

Mas o que Paulo quis dizer nesse texto com a palavra “indignamente”?

Para compreendermos corretamente a mensagem do texto, precisamos avaliar o contexto (o que vem antes e o que vem depois desse texto). Observe que o versículo mencionado está dentro de uma sessão que vai dos versículos 17 ao 34. E é dentro desta sessão que encontramos a resposta que estamos buscando. É importante observar que a Palavra de Paulo é dirigida a igreja (aos crentes). É evidente que quem é descrente não deve participar da santa ceia, pois não teria significado algum.

Nos versículos 20 a 22 vemos claramente o que o apóstolo quis dizer com a expressão “indignamente” (utilizarei a Nova Versão Internacional – NVI para facilitar a compreensão do texto):

“Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!” (1Co 11. 20-22)

•Vemos aqui o que Paulo quis dizer com comer a ceia "indignamente":

Eles não estavam observando o modo correto de fazer a ceia, por isso, se afastaram de seu real significado. Estavam fazendo do jeito errado. “Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor”. Vemos que a ceia perdeu seu significado, ficando vazia. Mas o que eles estavam fazendo errado?

Eles estavam tentando celebrar a ceia de forma dividida e não em unidade (como corpo de Cristo, igreja) como devia ser. Os ricos desprezavam aqueles que nada tinham ou eram pobres, fazendo sua própria ceia, enquanto os pobres ficavam chupando dedos desprezados num canto e também fazendo a ceia do seu jeito. “porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga.”. Paulo condena essa desunião. Uma ceia dividida dentro da igreja não era a santa ceia que Cristo instituiu e, por isso, era pecado.

Os pobres eram envergonhados como se não fizessem parte do corpo de Cristo por serem pobres. “Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm?”.

▪️Dos versos 23 ao 26 Paulo relembra a eles o real significado da Ceia.

Seguindo com sua orientação, Paulo busca uma correção para a questão, orientando uma mudança de atitude baseada na reflexão: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.” (1Co 11. 28-29). Esse “examinar” está ligado à questão anterior, ou seja, examinar se da forma que está participando não está pecando contra seus irmãos na fé e consequentemente contra Deus. Paulo nos chama a examinar a seriedade do ato de participar da santa ceia como indivíduos que fazem parte de um corpo.

Paulo finaliza reiterando o caráter de união da ceia. União de todos os servos de Cristo. Participar da ceia com qualquer forma de desunião é comê-la indignamente. *“Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros.” (1Co 11. 33)*

Concluo essa questão dizendo que nem mesmo um pecado ocasional deve ser um empecilho para que você deixe de participar da ceia. Confesse o seu pecado e participe da ceia. A ceia é momento de [união] do povo de Deus e de relembrar o sacrifício do nosso Salvador, bem como, de avaliação interior e fortalecimento espiritual de cada um de nós e da igreja como um todo. Por isso, devemos refletir, tomar decisões para reparar possíveis erros e participar dela, fortalecendo-nos como indivíduos e como igreja (isso é comer a ceia dignamente).

Por André Sanchez


Evangelho em Foco — Teologia acessível a todos



INTRODUÇÃO
Fazer a vontade de Deus deveria ser a meta primordial de todos e, para se cumprir esta vontade, é imprescindível conhecer a Palavra de Deus, principalmente o conhecimento do ensino bíblico sobre o dar na nova aliança. Logo após a morte de nosso Senhor Jesus, a prioridade do povo de Deus era marcada em seus primórdios pelo amor a Deus e ao próximo, notadamente pelo cuidado com os mais pobres e mais necessitados. Ainda hoje, a vontade de Deus é que Seu povo seja reconhecido de todos os demais povos por este amor.
Existem alguns questionamentos muito importantes que precisam de respostas: Qual foi a posição de nosso Senhor Jesus sobre o assunto do dízimo? Os apóstolos abordaram essa questão em suas epístolas? Quando foi introduzida a sistemática obrigatória de dizimar no cristianismo?
A análise deste assunto constitui-se em um verdadeiro clamor de alerta para o povo de Deus, o qual, comprometido com a verdade, tem a incumbência de refletir o caráter de Deus e fazer transbordar o Seu amor neste mundo pervertido e cruel.


JESUS E O DÍZIMO
O nosso Senhor Jesus Cristo é o ponto central onde se encontraram a antiga e a nova aliança. A nova aliança não teve princípio no nascimento de Jesus, mas na Sua morte. A conclusão é óbvia: Deus revogou o primeiro pacto, que dependia da morte de animais, para estabelecer o segundo pacto, que dependia da morte de Cristo (Hebreus 9:15-17; 10:9 e 10; 1 Coríntios 11:25). As normas associadas aos sacrifícios de animais e às atividades gerais no Santuário apontavam para o maior e perfeito sacrifício que se concretizaria no Calvário.

Todas as palavras de Jesus encontradas nos quatro Evangelhos, proferidas antes de Sua morte, foram ditas durante a vigência do sistema sacerdotal levítico, período em que a entrega do dízimo ainda era obrigatória, conforme determinava a lei. Há poucas referências sobre o dízimo durante o desempenho do ministério de nosso Senhor Jesus Cristo, e em nenhuma delas é mencionado que Jesus deu o dízimo. Como Jesus não exercia a atividade agropecuária, Ele estava isento de dizimar. A lei assim o determinava. Não há registro de que Ele tivesse sido cobrado ou acusado pelos fariseus por causa disso.
Os únicos textos encontrados são:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas (Mateus 23:23).
Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas importava fazer, sem deixar aquelas (Lucas 11:42).
Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho (Lucas 18:12).
Em todas essas citações, o Senhor Jesus colocou a questão do dízimo numa situação secundária. Ao proferir estas palavras, Ele tinha como principal objetivo repreender os fariseus, por serem orgulhosos e por terem omitido o que era mais importante da lei: a prática da justiça, da misericórdia e da fé.
As denominações religiosas que defendem a validade do dízimo com base no que está escrito em Mateus 23:23 e Lucas 11:42, certamente não aceitariam hoje o dízimo da hortelã, do endro, do cominho, da arruda e de toda hortaliça para manterem as suas gigantescas estruturas institucionais e, além disso, provado está através dos textos citados que o dízimo não era entregue em dinheiro.

A CARTA AOS HEBREUS E O DÍZIMO
O termo “dízimo” também encontra-se registrado no capítulo 7 da epístola aos Hebreus. Antes de tirar quaisquer conclusões, recomenda-se analisar todo o contexto. O assunto tratado neste capítulo não faz referência se o dízimo deve ou não ser praticado nos dias de hoje e nem faz referência quando dizimar e onde entregá-lo. A realidade é que o autor da carta tinha como objetivo mostrar a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao sacerdócio de Arão, usando Melquisedeque como um tipo de Cristo. O profeta Davi também já havia profetizado que o Messias seria “sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisideque.” (Salmos 110:4) A questão é que o sacerdote e rei Melquisedeque viveu antes do nascimento de Isaque, portanto, não era descendente da tribo de Levi (um dos netos de Isaque). O autor da carta aos Hebreus apenas queria mencionar que a esse Melquisedeque o patriarca Abraão deu o dízimo sobre os despojos de guerra, conforme relatado em Gênesis 14:18-20.
Este assunto tinha que ser esclarecido principalmente àqueles que ainda seguiam os rituais de sacrifícios da antiga aliança. Nos capítulos 7 a 10, o autor deixa bastante claro que o objetivo é demonstrar a superioridade do sacerdócio de Jesus sobre o sacerdócio de Arão. O antigo sistema sacerdotal, baseado no parentesco de Arão, foi cancelado por Deus, porque era fraco e inútil para salvar o povo de seus pecados (Hebreus 7:18). A esse respeito, o autor da epístola aos Hebreus faz a seguinte indagação: “… se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois sob esse o povo recebeu a lei), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?” (Hebreus 7:11). Em seguida, diz a Palavra de Deus que “mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” (Hebreus 7:12) A mudança da lei era necessária porque Cristo não pertencia à genealogia da tribo de sacerdotes de Levi, mas proveio da tribo de Judá. Conforme determinava a lei, nos quesitos que regulavam as atividades no Santuário, a tribo de Judá não podia exercer o sacerdócio, porque ela não havia sido escolhida por Deus para esse serviço.
Assim, todas as cerimônias associadas aos sacrifícios realizadas no Santuário foram abolidas com a morte de Cristo, pois elas apenas tipificavam a “oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre.” (Hebreus 10:10) Aqueles cerimoniais eram sombras da realidade que é Cristo, o qual alcançou um “ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas”. (Hebreus 8:6) Cristo Se manifestou, “para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo.” (Hebreus 9:26)
O autor da epístola aos Hebreus tinha como objetivo principal focar na questão da mudança de modelo sacerdotal e não imprimir uma base doutrinária sobre o dízimo. Aliás, tomar como exemplo a experiência de Abraão, para fundamentar uma tese sobre a obrigatoriedade do dízimo, não é muito razoável pelas seguintes razões:
a) Abraão entregou o dízimo (a décima parte) apenas sobre os despojos de guerra (Hebreus 7:4).
b) Abraão devolveu os outros 90% (noventa por cento) aos legítimos donos, depois de descontar as despesas com a guerra (Gênesis 14:22-24).
c) Não há registro bíblico de que aquele dízimo entregue por Abraão era sistemático ou obrigatório em função de alguma prescrição legal e muito menos de ele ter sido calculado sobre os seus ganhos financeiros e/ou patrimônio pessoal.
O verdadeiro povo de Deus não se baseia em suposições, mas fundamenta os seus ensinamentos no claro: “Assim diz o Senhor”.
O DÍZIMO FOI PRATICADO DURANTE A ERA APOSTÓLICA?
Não há registro da prática do dízimo entre os primeiros cristãos, notadamente durante a era apostólica, depois de Cristo. Vivendo esta nova experiência, o remanescente povo de Deus não mais estava sob o antigo pacto. Diz o relato bíblico que “todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” (Atos 2:44-45) Não havia necessitados entre eles, pois não estavam nos planos deles a construção de templos e nem o pagamento de salários aos obreiros, mas o que havia entre aquele povo era a prática do amor pelo próximo. As atitudes eram claras e transparentes:
“Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado algum, porque todos os que possuíam terras, ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.” (Atos 4:32-35)
As dádivas entre o remanescente povo de Deus não eram impostas por mandamento, ou por uma ordem legal, ou por exigência de se contribuir com um percentual qualquer sob ameaça de maldição, mas era resultado de um relacionamento íntimo com Deus.
O Senhor Jesus, durante o Seu ministério, deu muita ênfase sobre a importância de cultivar o amor ao próximo:
a) A história do jovem rico (Mateus 19:21).
b) A recompensa aos que praticarem a beneficência (Mateus 25:34-40).
O evangelho não é sinônimo de dinheiro, mas é o exercício do verdadeiro amor. O apóstolo Paulo diz o seguinte: “E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” (1 Coríntios 13:3)
Contrariando as orientações de Deus, muitas instituições religiosas fazem do evangelho uma fonte de recursos materiais. Difícil harmonizar tais atitudes com as palavras de Jesus, quando disse: “… de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8) Por que não seguir esta sábia orientação de nosso Mestre e Salvador?
O amor é a motivação principal para o “dar” na nova aliança instituída por nosso Senhor Jesus. Nos capítulos 8 e 9, na segunda carta de Paulo aos coríntios, encontram-se diversas orientações e informações sobre como os primeiros cristãos conduziam o seu caminhar quanto ao sustento da obra de Deus. É interessante observar que o dízimo não é mencionado nestes textos e nem em 1 Coríntios 9, onde o apóstolo Paulo faz declarações reveladoras para aqueles que anunciam o evangelho. Referindo-se aos LEVITAS, ele escreveu:
“Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que servem ao altar, participam do altar? (1 Coríntios 9:13)
Na sequência, ele transmitiu o seguinte: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. MAS EU DE NENHUMA DESTAS COISAS TENHO USADO. Nem escrevo isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória.” (1 Coríntios 9:14 e 15)
Mais adiante, o apóstolo afirma: “Logo, qual é a minha recompensa? É que, pregando o evangelho, eu o faça GRATUITAMENTE, para não usar em absoluto do meu direito no evangelho.” (1 Coríntios 9:18)
Por que não imitar o exemplo digno do apóstolo Paulo?
É importante lembrar que “a religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo.” (Tiago 1:27)


CONCLUSÃO
Depois de Cristo, o povo remanescente de Deus não mais entregava o dízimo, porém, fazia suas contribuições voluntariamente. Com a entrada da apostasia, algumas mudanças ocorreram no seio do cristianismo apóstata. Em 585 d.C., no terceiro concílio de Mâcon, convocado por ordem do rei da Borgonha, o qual reuniu os bispos da Borgonha e os da Nêustria, foram promulgados vinte cânones. Entre esses cânones havia um que determinava a excomunhão de todos aqueles que não pagavam o dízimo à igreja. Quase dois séculos depois, sob o comando de Carlos Magno, o poder civil apoiou a legislação eclesiástica, confirmando-a com uma sanção civil, tornando obrigatório o pagamento do dízimo à igreja de Roma. Assim, a prática obrigatória do dízimo foi restabelecida por iniciativa da Igreja de Roma. Nos séculos XVIII e XIX, essa obrigação foi temporariamente abolida por pressões de setores sociais e industriais, pelo fato de que as quantias arrecadadas não terem sido devidamente aplicadas aos fins estipulados pela legislação eclesiástica e civil. No século XX, a Igreja de Roma voltou a implantar gradativamente em suas bases eclesiásticas a prática do dízimo como um sistema de contribuição sistemática e periódica em substituição ao sistema de taxas. Infelizmente, esta prática da Igreja de Roma está sendo copiada por muitos segmentos religiosos nos dias atuais.
Estar isento do dízimo não quer dizer estar isento de responsabilidades para com a obra de Deus. Todos os dons devem ser ministrados individualmente com responsabilidade e de acordo com as orientações de Deus. Ele não pede de nós o impossível e nem o irrazoável, apenas uma completa consagração a Ele. A esse respeito, o apóstolo Paulo diz o seguinte:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1-2)

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